De manhã, terno azul escuro, sapatos pontudos, camisa branca com colarinhos engomados, gel no cabelo e perfume francês.
Esperava na portaria o manobrista trazer seu sedã alemão negro, com bancos de couro creme, mais lustrado que uma bola de boliche.
Ao seu lado estava João, olheiras profundas e olhos vermelhos.
"João, tá precisando descansar um pouco, hein?!"
"É Doutor, o rapaz da noite faltou e tive que cobrir o turno dele na portaria."
"Putz, João, que dureza, 24 horas no ar..."
"Pois é Chefe, a gente que precisa, né?! Não teve pai rico!"
"É assim mesmo, tem que ralar..."
"Mas não tem problema não, Seu Roberto, o senhor sabe o que é laje?"
"Sei sim."
"Esse final de semana inauguro a lá de casa, vamos ter um segundo andar."
"Que legal, vale à pena, né?"
"Claro que vale, Doutor, a gente sente um orgulho danado com o que é da gente, né?!"
"Parabéns, João, bom dia para você!"
"Bom dia, Seu Roberto."
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