Agora que Barack Obama deixou de ser Superman e voltou a ser humano, com defeitos e qualidades, erros e acertos, apoiadores e opositores, voltei a reler trechos do seu livro The Audacity of Hope e uma das partes que mais me identifiquei foi seu capítulo sobre a fé. Um tema “peludo”, como dizem os Venezuelanos, para meu segundo post mas todo viajante sabe que o desconhecido, o diferente pode nos impactar e assustar, o que não quer dizer que deixaremos de enxergá-lo, de conhecer sua realidade e para isso vale o bordão: “Cada um na sua e todos numa boa!”
Obama conta que sua mãe, como boa antropologista, o levava tanto a templos Budistas como à Igreja ou a cemitérios indígenas. Na estante da sala estavam a Bíblia, o Corão, o Bagavadguitá (livro sagrado Hindú) assim como livros sobre Mitologia Grega e Africana. Ele estudou em escolas Católicas, Muçulmanas e Protestantes, e mesmo com tanta diversidade e secularismo, afirma que sua mãe foi a pessoa mais espiritualizada que conheceu.
Stanley Ann Dunham, mãe de Barack, nasceu em Kansas em 1942 no midwest, coração do conservadorismo Americano, e recebeu seu primeiro nome porque seu pai queria um filho e não uma filha. A época, plena segunda guerra, era de forte patriotismo e promoção dos valores Americanos e mesmo assim, Ann, filha de um militar e uma operária da Boeing, ambos brancos e protestantes, antes de casar-se com Barack Obama Sr. já carregava seu filho. Abandonada pelo marido, que já possuía esposa e filhos no Quênia, resolveu estudar Antropologia e mais tarde voltou a casar-se, agora com um Indonésio com quem teve outra filha e de quem também acabou divorciando-se.
Entre tantos tombos Obama Jr. descreve sua mãe pelos seus valores como o amor, a caridade, a bondade e a gentileza. Ele fala de sua total reverência e devoção à beleza, ao valor e à transitoriedade da vida. Anna se emocionava com trechos de poesia, acordava os filhos no meio da madrugada para ver uma lua cheia, pedia que toda a família fechasse os olhos para ouvir melhor o barulho do vento nas árvores e ficava horas com uma criança no colo, qualquer criança, brincando, fazendo cócegas e tentando decifrar o milagre da vida entre aquelas mãos e braços rechonchudos.
Sem entrar na polêmica do livro ser parte de uma espetacular estratégia de marketing que levou Obama ao poder, a história de Ann Dunham e de Barack Obama é permeada por tantas culturas, credos e raças, em uma época em que poucos estavam abertos ao diferente e ao desconhecido, que ficam marcados os valores que os acompanharam nesta viagem, e sem dúvida um dos principais se chama fé.
Grande prazer ser um dos primeiros a postar um comentário aqui. Se a idéia é embarcar em uma viagem, já estou a bordo!
ResponderExcluirSe a vida é achar as respostas, a fé e procurar as perguntas certas. Seja lá onde for, até o desconhecido. Como disse um conterrâneo seu: "A arte de viver da fé / só não se sabe fé em quê."
Sensacional esse texto. Gostei!!!! Melhor ainda a frase "Cada um na sua, e todos numa boa", simplesmente perfeita.
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