A discussão sobre justiça e o futebol sempre vai e volta, mas agora com “la main de Dieu” de Henry o tema está em toda a imprensa e já virou além de papo de boteco, conversa de Primeiro Ministro.
Entre todos os esportes, o futebol é o que melhor retrata a vida, e a vida é assim, cheia de erros e injustiças, aonde as regras escritas da FIFA convivem com a malandragem dos jogadores dentro das quatro linhas e com os interesses de cartolas, árbitros e torcedores fora delas. C’est la vie.
O charme do futebol está na essência humana, na sua imperfeição. Dentro de todos nós existe o bem e o mau, o certo e o errado, e no futebol do Galvão Bueno está tudo isso lá, haja contradição em alta definição!
A beleza de um drible convive com a artimanha de “cavar” um pênalti ou uma expulsão, o discurso de respeitar o adversário sai da boca do mesmo jogador que humilha fazendo a embaixadinha no final da goleada, o espírito de grupo entrando de mãos dadas faz parte tanto quanto os sopapos e acusações trocados entre o zagueiro e o atacante na derrota. Que o diga Leonardo, o bom menino São Paulino quebrando a cara do Tab Ramos, Romário bad boy chorando igual criança ao ser cortado pelo Felipão e o símbolo maior das imperfeições futebolísticas: Ronaldo Fenômeno.
Essa é a realidade de qualquer pelada ou rachão, tão verde quanto a grama e preto e branco quanto a bola, e perder isso é perder o futebol, é transformar o esporte em videogame, a vida em Second Life.
Diferente de jornalistas e torcedores que acham que devemos colocar duzentas câmeras no campo, voltar a jogar partidas de resultado injusto e banir árbitros que prejudicaram algum espetáculo, defendo a injustiça, o erro, como parte do futebol assim como é parte da vida, e tentar fazer do esporte bretão um esporte 100% justo, além de impossível é uma tentativa sem graça de domesticar a nossa paixão, de reescrever o que já aconteceu, de distorcer a realidade, o que acontece seja no futebol seja em qualquer outro lugar.
Futebol é aceitar que a justiça nem sempre impera e muitas vezes ajuda os piores e prejudica os melhores. É aceitar o erro e sua existência, principalmente quando o “culpado” é aquele homenzinho de camisa amarela enfrentando 22 jogadores, comissão técnica, cartolas, imprensa armada até os dentes com tira-teima e leitores de lábio, e 80.000 apaixonados torcedores.
Futebol é não achar o Kaká certo e o Maradona errado, é ter um irmão Corinthiano e gritar “essa raça tem que acabar” quando caem para a segundona, é não trocar a cueca da sorte durante toda a Copa do Mundo, é lembrar da mãe do juiz quando anula um gol nosso, e dizer baixinho “roubado é mais gostoso” quando ele dá um pênalti que não existiu..
Futebol é preparar a caixa de solucionática porque lá vem problemática pela frente!
Não deixem de ler a coluna do Tostão na Folha de ontem, pensamos de maneira parecida sobre o mundo ideal e o real do Futebol. Renato
ResponderExcluirParabéns pela data de hoje Carica!!!
ResponderExcluirMuita saúde e sucesso pra você! mais tarde dou um alô na sua casa!
Abração!