terça-feira, 23 de novembro de 2010

Get Back, get back!

Essa noite tive um sonho, quatro moleques com suas franjas e terninhos sacudiam a cabeça cantando “Can’t buy me Love” em uma taberna de tijolinhos aparentes no subsolo de Liverpool. O mundo era outro, carros tinham rabos-de-peixe, televisores eram preto e branco e só para poucos, a guerra estava próxima e todos viviam os efeitos de um enfrentamento entre a juventude e o conversadorismo.

Abri os olhos e lá estava ele, Paul McCartney, um dos principais Generais do Exército da Libertação daqueles dias, esguio, com algumas tentativas cosméticas de evitar o efeito do tempo, de suspensórios e camisa branca tocando guitarra, baixo e piano para sexagenárias, que antes gritavam histéricas ao vê-lo, e adolescentes, que só o conheceram cinqüentão e agora fazem tatuagens com seu autógrafo.

Com uma banda talentosa, um baterista fantástico e soltando o verbo em português, Paul hipnotizou quase 70.000 pessoas no Estádio do Morumbi, não só lembrando seus sucessos solo, mas também levando a todos para uma viagem pela história, na companhia de John, Ringo e George. Falando nele, Paul fez questão de homenageá-lo, e depois de tanta chuva em São Paulo, a Lua apareceu, com “Something” cantada para George Harrison. Homenagem também para Linda, com “My love” embalando todos os namorados, casados, separados e viúvos num clima de romance. Com Live and Let Die encheu os céus de fogos de artifícios e fez todos de todas as idades balançarem as arquibancadas do Morumba. Com Hey Jude fez o estádio iluminado de celulares e câmeras cantar Na Na Na Na, e com Helter Skelter e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, trouxe todos sãos e salvos, em paz, de volta à realidade.

Obrigado Sir McCartney pelo presente de aniversário! Agora posso dizer que estive em algum lugar do passado, antes mesmo de existir.

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