terça-feira, 23 de novembro de 2010

Get Back, get back!

Essa noite tive um sonho, quatro moleques com suas franjas e terninhos sacudiam a cabeça cantando “Can’t buy me Love” em uma taberna de tijolinhos aparentes no subsolo de Liverpool. O mundo era outro, carros tinham rabos-de-peixe, televisores eram preto e branco e só para poucos, a guerra estava próxima e todos viviam os efeitos de um enfrentamento entre a juventude e o conversadorismo.

Abri os olhos e lá estava ele, Paul McCartney, um dos principais Generais do Exército da Libertação daqueles dias, esguio, com algumas tentativas cosméticas de evitar o efeito do tempo, de suspensórios e camisa branca tocando guitarra, baixo e piano para sexagenárias, que antes gritavam histéricas ao vê-lo, e adolescentes, que só o conheceram cinqüentão e agora fazem tatuagens com seu autógrafo.

Com uma banda talentosa, um baterista fantástico e soltando o verbo em português, Paul hipnotizou quase 70.000 pessoas no Estádio do Morumbi, não só lembrando seus sucessos solo, mas também levando a todos para uma viagem pela história, na companhia de John, Ringo e George. Falando nele, Paul fez questão de homenageá-lo, e depois de tanta chuva em São Paulo, a Lua apareceu, com “Something” cantada para George Harrison. Homenagem também para Linda, com “My love” embalando todos os namorados, casados, separados e viúvos num clima de romance. Com Live and Let Die encheu os céus de fogos de artifícios e fez todos de todas as idades balançarem as arquibancadas do Morumba. Com Hey Jude fez o estádio iluminado de celulares e câmeras cantar Na Na Na Na, e com Helter Skelter e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, trouxe todos sãos e salvos, em paz, de volta à realidade.

Obrigado Sir McCartney pelo presente de aniversário! Agora posso dizer que estive em algum lugar do passado, antes mesmo de existir.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Juventude...


We All Want to Be Young (leg) from box1824 on Vimeo.


Baby Boomers
Geração X
Geração Y
Jovens

Ah, estes meninos, não respeitam os mais velhos.
Não seguem os bons costumes e a tradição.
Acham que sabem tudo mas nem saíram das fraldas.
Querem mudar o mundo! Ah, se soubessem?
Que falta faz uns fios brancos na cabeça...

Ah, estes coroas, nem sabem quem é a Twitess.
Nunca ouviram falar de Lady Gaga! Gagá são eles.
Acham legal pentear o cabelo e usar tudo "combinandinho"...
Pára com isso, vai!
Me proíbem de usar o iPhone na mesa!
Para conversar tenho que tirar os fones do ouvido! Que conversa é essa?

Novo e velho. Opostos?! Separados?! Alienados?!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Já passou mas vai sempre comigo...

Feriado

Ahhhhhhhhhhh, tempo pra gente!

Tempo para encontrar os amigos e tempo para abraçar os mais queridos
Tempo para ver o entardecer e tempo para lembrar dos esquecidos
Tempo para programa de índio e tempo para gargalhar
Tempo para correr no parque e tempo para provar
Tempo para estar só e tempo para estar contigo
Tempo para o novo e tempo para o antigo
Tempo para planos e tempo para dúvidas

Tempo, tempo, tempo...




terça-feira, 26 de outubro de 2010

Educação

Katie Salen from New Learning Institute on Vimeo.


Enquanto isso no Brasil em 5 dias vamos eleger mais um Presidente sem realmente discutir EDUCAÇÃO em profundidade... Continuaremos, pelo menos nos próximos 4 anos, formando máquinas de memorizar!!!!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Uma andorinha não faz verão

É preciso uma revoada
Pombos-correios
Canários-da-terra
Pintassilgos e Sargaços
Garças
Albatrozes
Pelicanos e Gaivotas

Mas por favor não fechem as portas
Não cortem o prazer do primeiro vôo
Não abortem o vento no rosto
Não castrem o barulho do vento no ouvido

E deixem meus olhos abertos
Quero sentir
Cada arrepio
Cada calor
Cada cheiro
Cada toque
Cada som

Não queiram nunca
Tirar meu grande prazer de voar
Podem tentar cortar minhas asas
Que elas voltarão a crescer um dia
Para me despedir

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Simples assim

De manhã, terno azul escuro, sapatos pontudos, camisa branca com colarinhos engomados, gel no cabelo e perfume francês.
Esperava na portaria o manobrista trazer seu sedã alemão negro, com bancos de couro creme, mais lustrado que uma bola de boliche.
Ao seu lado estava João, olheiras profundas e olhos vermelhos.
"João, tá precisando descansar um pouco, hein?!"
"É Doutor, o rapaz da noite faltou e tive que cobrir o turno dele na portaria."
"Putz, João, que dureza, 24 horas no ar..."
"Pois é Chefe, a gente que precisa, né?! Não teve pai rico!"
"É assim mesmo, tem que ralar..."
"Mas não tem problema não, Seu Roberto, o senhor sabe o que é laje?"
"Sei sim."
"Esse final de semana inauguro a lá de casa, vamos ter um segundo andar."
"Que legal, vale à pena, né?"
"Claro que vale, Doutor, a gente sente um orgulho danado com o que é da gente, né?!"
"Parabéns, João, bom dia para você!"
"Bom dia, Seu Roberto."

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Janelas de Estocolmo

Três janelas a frente
Telhados cinzas e telhados vermelhos
Chaminés e exaustores prateados girando
Céu branco com raios azuis
Janelas fechadas e esquadrias brancas nos sótãos

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sexta-feira

Céu branco, sem cor e sem vida
Ela olhava o nada pela janela
Abaixo de seus olhos o movimento da avenida
Cabelos vermelhos tingidos
Blusa de crochê vinho
Pele branca marcada pelas rugas do tempo
E aquele olhar perdido
Parecia construído com o edifício
A pintura bege caindo
O vidro escuro e pesado entre meus olhos e o dela

domingo, 5 de setembro de 2010

Extroversão

Fechar os olhos para escrever direto do peito.
Jorra emoção e sentimento em lágrimas.
Felicidade por poder ser, por poder existir de verdade.
Tomar consciência da essência e descobrir tanta beleza.
Beleza em gostar de gente, em ter prazer com o outro.
Extroversão: a energia da vida está aqui fora, no alheio.
Curtir cada sorriso, cada gargalhada, cada abraço.
Entender a arrogância, a inveja e a crueldade.
Sentir toda e qualquer demonstração de carinho por mais simples que seja.
Enxergar o mau, o errado e o feio por mais escuro que esteja,
Perceber que a vida não se mede com cifras e realizações.
Mede-se por cabelos brancos e pés-de-galinha.
E que saber viver não vem em nenhum diploma.
Nem passa de pai para filho.
Só vivendo para saber...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Teenagers Experience

Experimente!

Comece a ver o vídeo, e leia o texto abaixo ao mesmo tempo... Seguindo esses passos a experiência será bem diferente!



Bem-vindo ao novo mundo... Nele você é o que você é! Sem filtros, sem regras, sem isso, sem aquilo e tudo mais que te obriga a ser quem você não é. Chegou esse momento tão esperado, seja você para sempre! O centro do universo, seu sol, viva sua vida do jeito que quiser. Nessa nova era você é o protagonista, você é o astro de rock, a cara na capa da revista. O momento é de estrelar, de deixar de ser 1 em 7 bilhões, e brilhar! O mundo quer você, do jeito que você é, e sem você ele pode parar de girar. Acredite nisso, ele pode de verdade parar se você sentir que está fazendo o que não quer, que está faltando alguma coisa, que esse não é seu caminho, sua jornada. É hora de quem é do bem, de ser autêntico, de ser livre, leve e solto mesmo que isso seja comercial de xampu! Não deixe a oportunidade passar fazendo coisas porque são coisas que devem ser feitas... Dever, que palavra é essa? Quem inventou isso deve estar maluco! Maluco que nem eu! A sua história é única, sem pirataria, sem ctrl-c + ctrl v, você é este espaço, você é este tempo! Seja você, sempre!

domingo, 15 de agosto de 2010

Teto Solar

Já escutei por aí que o fogo além de mudar o curso da humanidade como ferramenta, utensílio doméstico ou arma, foi fundamental para a nossa existência, simplesmente como objeto de contemplação.

A vida moderna de hoje não deixa muito espaço para a contemplação, para o nada, para o vazio. Estamos sempre pensando, conectados, ativos, on line, cuidando de alguma coisa, produzindo, agindo ou reagindo.

Um momento de solidão, de silêncio, em que o tempo passa no vácuo da nossa existência faz falta, me faz falta... 

Reunião, e-mail, internet, celular, trânsito, aeroporto, televisão, jornal, livro, comida, bebida, notícias, previsões, planos, contas, cifras, tendências, futuro, comunicação, probabilidade, versatilidade...

Com tanta velocidade, o tempo encurta e se fazer uma coisa de cada vez já é difícil, não fazer nada é impossível e mau visto.

Quando criança me lembro de adorar ver a vida passar da janela, acompanhar um senhor idoso fechar o portão de sua casa, caminhar até a padaria e voltar com um saquinho de pão francês debaixo do braço. Lembro de olhar para o céu com prazer em ver os urubús voando alto em círculos, e vibrava ao ver um Kadett GSi branco pintar lá no início da rua, não desgrudava os olhos dele até virar à direita na próxima esquina.

Hoje sinto o mesmo prazer de criança quando consigo um momento de silêncio, vazio, fazendo nada, em que posso sentir cada instante daqueles poucos minutos. Vejo, ouço, cheiro. sinto e saboreio o tempo, a vida.

domingo, 18 de julho de 2010

Copa do Mundo 4

Duas semanas atrás escrevi pela última vez! Logo eu que vivo escrevendo o que passa pela minha cabeça em guardanapo, no celular, no Moleskine e em qualquer lugar.

De lá para cá andei empurrando com a barriga um texto sobre a Copa da África para fechar minha sequência de posts sobre o assunto.

Queria citar Bill Shankly, técnico do Liverpool nos anos 60, com sua pérola "Algumas pessoas acreditam que futebol é questão de vida ou morte. Fico muito decepcionado com essa atitude. Posso garantir que futebol é muito, muito mais importante." queria lembrar Pelé e Ronaldo quando pararam guerras-civis, falar da Igreja Maradoniana na Argentina e do Milagre de Berna que transformou a Alemanha em 1954.


Tudo isso para retratar a magia do futebol, seu poder de transformação e influência, e de como essa força pode ajudar a África e também claro, a vencedora, Espanha. Aliás, ambas precisam de um belo empurrãozinho, seria bom para o mundo todo, tão conectado! E para fechar, já nos acréscimos, recomendaria ver o trailer do longa chamado PELADA sobre a essência do futebol, e ler o ótimo texto do Bruno Natal que resume perfeitamente o que foi a Copa da África (esse talvez o texto que eu realmente queria ter escrito).


Enfim, era para ser, não foi e agora está sendo, escrevi... Ufa!

domingo, 4 de julho de 2010

Copa do Mundo 3

Quarenta e oito horas atrás começava o nosso calvário na Copa, e com a derrota guardei a camisa e chorei, simples assim.

Preferi não escrever nada logo após o jogo, queria deixar a profunda tristeza de lado, não sair buscando culpados, não jogar os enfeites Holandeses de porcelana da Vivian pela janela ou acusar outro amigo, companheiro de Copa, de pé-frio.

Ontem com a eliminação da Argentina a tristeza pareceu ser menos dolorosa e agora chegou a hora de escrever, de refletir sobre o que aconteceu com a nossa Seleção e o que podemos levar dessa derrota.

Me junto aos diversos críticos que atribuíram a derrota ao descontrole emocional, é a única explicação plausível para a mudança de um primeiro tempo brilhante para um segundo tempo patético. E no dia da derrota, quando passei incontáveis horas imóvel no sofá, vivendo minha depressão verde-e-amarela, vi na entrevista de Phillipp Lahm, lateral Alemão, a seguinte frase sobre os Argentinos "Eles são muito emocionais..." Seria essa nossa fraqueza também?

Quantos repórteres falaram que esse mundial terminaria como uma decisão da Copa América? E de um dia para outro o Uruguai é o nosso único representante. Seríamos mais frágeis por sermos emocionais? Por viver a euforia da vitória na mesma intensidade que a melancolia da derrota, seríamos então bipolares futebolisticamente?

Os narradores Venezuelanos transmitindo o primeiro tempo da nossa Seleção diziam após a linda jogada de Robinho, Luis Fabiano e o chute de Kaká defendido pelo goleiro "Foi a jogada mais linda de toda a Copa" e no segundo tempo, quando perdíamos de 2 a 1 e quase levávamos o terceiro comentavam "Essa seleção está cheia de jogadores que nunca poderiam estar em uma Copa do Mundo."

Controlar esse espírito torcedor, essa paixão, que sentimos quando vemos onze amarelinhas entrando em campo é impossível, precisamos de mais de dois dias para conseguir "aterrisar" e pensar. Quando a Seleção está jogando somos coração puro, então me pergunto:

Seria essa a causa da nossa derrota?

Ou essa paixão é a explicação de tantas outras vitórias?

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Copa do Mundo 2

Já tenho 9 Copas do Mundo de vida, a primeira de 78 devo ter visto no sobrado em Volta Redonda ou deitado no carrinho ou no colo, sem entender porque meu Pai tanto gritava ou porque o coração da minha Mãe batia tão rápido. A seguinte, também não me lembro de nada, mas em algum lugar das minhas memórias inconscientes deve estar a melhor seleção de todos os tempos e os primeiros churrascos em Candeias no Recife.

Quatro anos depois veio minha primeira Copa com memória e consciência, lembro do Araken na pequena TV Telefunken da sala e da eliminação para a França. Vimos a maioria dos jogos em casa, e depois da defesa do Bats fiquei vendo da janela aquele clima de luto na Praça General Osório no Rio. Por alguns anos o nome do goleiro Francês era o que eu gritava depois de cada defesa que fazia nas peladas do colégio.

Em 90 vi a eliminação para a Argentina sentado no chão de cara para a TV na festa de aniversário do meu Tio em Saquarema. O gol do Caniggia colocou água no chope e a festa acabou antes da hora. A vitória da Alemanha na final contra os Hermanos, comemorei numa Churrascaria em Copacabana. Sendo esse meu maior prazer até então em Copas do Mundo, descobria o gosto de ver nossos maiores rivais perderem.

Noventa e quatro foi o êxtase, minha primeira Copa, meu primeiro grito de Campeão do Mundo!

O jogo com Camarões assisti na UTI do Pró-Cardíaco, num baita susto que preguei em todos, mas mesmo assim meus pais conseguiram não só ver o jogo comigo, mas contrabandear salgadinhos para beliscar durante a partida. Depois, passado o susto, foi só alegria nos animados churrascos no apartamento de Botafogo que juntavam só gente alegre, e a molecada do Colégio começava a descobrir os prazeres do álcool. Comemorei o Tetra com a camisa 6 que o Branco usava no Flu, com corneta e bandeira no porta-malas do Fiat Prêmio da família pelas ruas da Zona Sul Carioca.

Em 98 fechamos uma pizzaria para ver os jogos com amigos e família, e não só perdemos a Copa para Zidane, como a pizzaria faliu. Morando em São Paulo aprendi o que era "zica"! Comecei também a desconfiar que um amigo meu, que tinha vindo do Rio para ver esse jogo com a gente, era pé-frio e provável "causador do desastre"!

Uma copa depois a torcida se reunia de novo na casa dos meus pais, agora mais Paulistanos que nunca, e os cafés-da-manhã eram bem coloridos. Viajando a trabalho, vi em Buenos Aires sozinho no Hotel a eliminação dos hermanos, e presenciei o que é um drama Argentino. Nós não conseguimos sofrer tanto quanto eles, somos muito alegres para isso! No dia seguinte, sozinho no mesmo quarto de Hotel, gritei para todo mundo ouvir a cada um dos cinco gols sobre a Costa Rica. Depois, ainda viajando a trabalho, consegui escapar de um jantar monótono para ver a vitória sobre a Inglaterra em um bar Brasileiro em Miami, e descobri o que é ser Brasileiro fora do Brasil, parece que ficamos ainda mais verde-e-amarelos! O título comemoramos em outro churrasco de aniversário, de um grande amigo, e diferente de 90, a festa ficou muito mais animada depois que o Cafú levantou a taça.

A última Copa, na Alemanha, foi a mais sem graça, nas reuniões com a família e os amigos já se sentia um clima estranho, de se ganhar ganhou, se não ganhar não ganhou. E quando fomos eliminados pela França, lá estava ele, meu amigo pé-frio, que tinha vindo de novo do Rio para ver o jogo. Apesar que ele também estava comigo no Tetra, estavam confirmadas minhas antigas suspeitas de duas Copas atrás e ponto final não vemos mais jogos da Copa juntos, principalmente contra a França!

Agora vejo a Copa Africana a 5.000 km de casa, num país que a torcida se divide entre Argentina, Espanha, Portugal, Itália, Alemanha e Brasil, ou seja, torcem por qualquer um porque o importante é curtir a Copa. E como já sabemos, Brasileiro fora do Brasil é mais Brasileiro! Temos visto os jogos em churrascos - com carne e cerveja de qualidade duvidosa é verdade - mas com uma torcida esganada, alegre e cheia de orgulho Canarinho. Um deles, quando o conheci um ano atrás me disse "Não entendo qual a graça de ficar na frente da TV vendo um bando de homem correndo atrás da bola." No jogo contra a Coréia, ao ver Jong chorar no hino, ele me dizia: "Copa do Mundo é muito, muito, M-U-I-T-O bacana!" O jogo de hoje vimos em casa, entre caixas de papelão, barulhos de fita crepe e os moços da companhia de mudança andando para lá e para cá, mesmo assim todos (com exceção de um "do contra") paravam o que estavam fazendo e torciam com a gente a cada gol verde-e-amarelo.

Vamos Seleção, faltam 3 jogos e eu quero chegar aí para o Hexa!

Como cantarolava minha Mãe...

"A taça do mundo é nossa
Com Brasileiro não há quem possa
Êh, eta esquadrão de ouro
É bom no samba, é bom no couro."

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Hoy es un día especial...


Meu avô Sergio, nasceu 50 anos antes de mim, em uma pequena cidade do interior Paulista. Não existia TV, celular, internet, avião... Era outro mundo, além de outros tempos!

Filho de farmacêutico e dona de casa, saiu cedo para estudar em São Paulo e nunca mais voltou à Santa Cruz das Palmeiras. Casou-se com a linda moça que conheceu em seu baile de formatura no Copabana Palace, e com ela e três filhos foram quase 30 mudanças, pelo Brasil e até pelos EUA, e depois de muitos anos de uma vitoriosa carreira militar, uma cidade foi escolhida para viver, a Cidade Maravilhosa.

Hoje ele comemora 83 anos, quase nada de experiência... Muitas vitórias, algumas derrotas, muitas alegrias e tristezas também, e uma vida muito bem vivida sempre com uma saúde de ferro, uma força incrível e um caráter inquebrável. Como grande orador e escritor que é, sempre me marca com suas frases e histórias, e hoje depois de receber nossos parabéns "cara-a-cara" pelo Skype (isso mesmo ele usa Skype, internet, e-mail...) deixou mais um de seus ensinamentos:

"Aproveitem tudo que a vida tem de bom ao máximo, sempre. O bom é para já, para ontem, porque o ruim vem sem avisar."

E já que aqui é feriado, vamos colocar seu conselho em prática agora, cantando a canção Venezuelana de aniversário bem alto para ele ouvir a mais de 5.000 km:

Ay, qué noche tan preciosa, es la noche de tu día, muestran todos su alegría en esta edad primaveral.
Tus más íntimos amigos esta noche te acompañan, te saludan y desean un mundo de felicidad.
Yo por mi parte deseo, lleno de luz este día, todo lleno de alegría en esta fecha natal.
Y que esta luna plateada brinde su luz para ti, y ruego a Dios por que pases un cumpleaños feliz.

*Canción de cumpleaños tradicional de la cultura popular Venezolana, compuesta por Luiz Cruz e imortalizada por Emilio Arvelo.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Copa do Mundo 1

Shakira dança o waka waka.
1.000 atores chineses torcem pela Coréia do Norte, enquanto seu craque o camisa 9, Jong, se acaba em lágrimas "só" com o hino nacional.
Domenech escala seus jogadores consultando os astros, Anelka xinga até sua quinta geração e a França se acaba em brigas e "greve de treino".
A Argentina joga com 12, tem Maradona "em campo" com direito a embaixadinhas e chaleiras. Ele é simplesmente o centro do universo, e Pelé seu arqui-rival.
A Suíça ganha da Espanha e uma repórter boazuda vira a culpada por ter distraído a parede Casillas.
E se não bastasse a Espanha, a Alemanha perde para a Sérvia, a Nova Zelândia empata com a Itália e a Inglaterra com Argélia e Estados Unidos. Afinal, as zebras na África estão em seu habitat natural!
Dunga é mais sacaneado que "guri cagado na escola" e chama a imprensa "pra porrada" enquanto o Brasil vai fazendo seu dever de casa.
No mais, tudo igual, a arbitragem continua errando geral, um monte de açougueiro devia entrar em campo de avental e cutelo, o Galvão continua falando demais e o Brasil jogando de menos, segundo a crítica "especializada".
Mas...
De uma hora para outra a África é o centro do mundo, corneta vira Vuvuzela, os negros não são minoria e o futebol nunca foi tão alegre, tem como não gostar de Copa do Mundo?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ilusão

Não controlamos nada
Tudo depende
E nada se entende
O que muitas vezes se pergunta.

Deixa a vida me levar
Já dizia o sambista
Mas que difícil é aceitar
Que dela nada levamos.

Cada vez mais nos iludimos
Pensamos que somos Deuses
E Deuses não somos
Apesar da internet e do genoma.

Aceitar essa realidade
Sair da ilusão
Quem sabe assim aceitamos
Que existe aquilo que sim
E existe aquilo que não.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Tetê

Me levava de mãos dadas ao McDonalds, quando me comportava "direitinho".
E não deixava ser boca-suja e nem ficar "tão magrinho".
Sempre me dava um saco de "roque-roque" para comer vendo A Noviça Rebelde.
E pedia para eu falar "baixinho" nas missas de Domingo.
Nos ensinava a jogar buraco e algumas palavra de inglês.
E emprestava seus botões para que brincássemos de vendinha.
"Papai do céu abençoai o Papai, a Mamãe e toda a minha família" repetia depois dela.
E coçava minhas costas com suas unhas compridas, para me fazer dormir.
Ah, minha querida Vovó Tetê...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cotidiano No. 2 - Vinicius de Moraes

Há dias que eu não sei o que me passa

Eu abro o meu Neruda e apago o sol
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Acordo de manhã, pão sem manteiga
E muito, muito sangue no jornal
Aí a criançada toda chega
E eu chego a achar Herodes natural

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Depois faço a loteca com a patroa
Quem sabe nosso dia vai chegar
E rio porque rico ri à toa
Também não custa nada imaginar

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Aos sábados em casa tomo um porre
E sonho soluções fenomenais
Mas quando o sono vem e a noite morre
O dia conta histórias sempre iguais

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Às vezes quero crer mas não consigo
É tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: escute, amigo
Se foi pra desfazer, por que é que fez?

Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão

Vinicius e Toquinho

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sem resposta

Como?
Quando?
Onde?
Porquê?

Powerpoints
Planos
Dissertações
Começo, meio e fim.

Lógica
Ordem
Faz sentido
Aquilo que vemos
Aquilo que medimos.

?????????
????????
???????
??????
?????
????
???
??
?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mar Portuguez - Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

terça-feira, 18 de maio de 2010

Vaidade e humildade

John Boy é capitão do time de futebol americano da Salsalito High School, e bem ao estilo filme americano da sessão da tarde é o melhor atleta da escola, o mais popular, cheio da grana e namorado de Mary Ellen, líder das cheerleaders da escola e Rainha da Beleza da série.

Diego Armando é capitão do time de Rugby do Colégio Avellaneda, herdeiro de uma aristocrática família Argentina é o Príncipe da Sociedade Porteña e namorado da modelo Susana Gimenez, que aos 16 anos já conquistou as passarelas de Milão, Tóquio e Nova Iorque.

A grande diferença entre John e Diego? Apesar de parecerem cópias do mesmo modelo a 10.000 km de distância, é grande...

John é vaidoso, está sempre bonitão e chama atenção por onde passa, se orgulha do atleta que é, tem a exata noção do seu talento esportivo, das suas qualidades e defeitos, e detesta perder, é sempre competitivo. Como conhece suas limitações, John sabe que precisa de um time que o complemente, o capitão reconhece o talento dos outros e tenta aprender com eles o máximo que puder. John sabe jogar com seu time!

Diego é igualmente vaidoso, não descuida do visual, também sabe das suas qualidades e defeitos, e não quer perder uma. A diferença entre os dois é que Diego se julga auto-suficiente, dono da verdade e só vê uma maneira de jogar, a sua. O grupo serve para uma coisa: erguê-lo nos ombros! Diego nunca ouviu falar da essência da liderança, a humildade!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Penas

Mudam minhas penas
Chegou a hora de voar sozinho
Para quem antes me protegia
Uma ameaça represento

Sai o branco
Chega o negro
E entre o cinza, meu corpo fica mais forte.

Me arrisco mais
Cheio de paixão e confiança
Vôo na frente sem temer nada
 

sábado, 24 de abril de 2010

Acabaram as locadoras?!

Podem me perguntar aonde eu estava que só percebi agora o fim das locadoras de filmes?!?!


Quando cheguei na Venezuela dois anos atrás sempre passava na Blockbuster para alugar uns filminhos para o final de semana. Depois com a falência da Block, entrei na onda do pirata. Vi filmes com barulho de gente comendo pipoca, gente levantando na frente da tela e até com áudio em russo. Cansado de entrar no golpe do golpe do pirata, hoje me levaram ao "melhor lugar de DVD Pirata" de Caracas.


Apesar da recomendação ter sido feita quase no mesmo tom de "o melhor restaurante Português de Caracas", não podia deixar de imaginar uma "banquinha" em algum beco Caraqueño, com um Chinês falando "Tlês pô déis" como nas famosas feirinhas paulistanas, mas esse "business" aqui em Caracas está muito desenvolvido! Que Chinês? Que banquinha? O lugar era uma loja! L-O-J-A! E dentro de um shopping badalado, entre uma loja de moda feminina e outra de artigos esportivos!


Você estaciona seu carro, sobe dois lances de escada rolante e chega à MegaVideo. Logo na porta a vendedora te diz "Boa tarde, posso ajudar?" e em seguida leva você até a sessão "EN CARTELERA" aonde estão os filmes em cartaz no cinema. Como nos velhos tempos de locadora, reduto da minha geração VHS e o empreendimento da moda nos anos 90, ela faz suas recomendações, indicando esse ou aquele filme, falando bem e mal da atuação dos atores, e sempre apontando um imperdível. Também como nas Blockbusters, existem as prateleiras de ação, comédia, romance, etc e uma de "RECUERDOS" com os clássicos "versão DVD piratex".  Só fiquei sem saber se tinha aquela salinha escondida, aonde só entravam maiores de 18 anos e estavam as fitas mais desejadas pela molecada...


É, como diz minha mãe, acho que vou acabar como peça de museu também.



quarta-feira, 21 de abril de 2010

A hora H

Tenho medo de ficar velho. Medo da barriga despencar, dos pêlos das orelhas crescerem muito e de começar a queixar-me do pé, das costas e do cotovelo. Medo do HDL baixar, da A1C subir, do ácido úrico virar meu assunto preferido e aquele chá para o diabetes minha maior descoberta. 

Não deve ser fácil!

Fiquei pensando nisso nestes dois últimos dias em que tenho trabalhado com um grupo de 30 jovens de 50 a 80 anos, e pode parecer absurdo mas só agora acho que chegou o medo. Por que? Ah, porque passei dos 30 e caiu a ficha que também vou ficar velho?! Deve ser...

Me perguntava se existe felicidade entre tantas dietas, comprimidos, exames, preocupação e dicas de saúde de todo mundo, incluindo a vizinha, o porteiro e o taxista de confiança?! Caramba, viramos experimentos de medicina ambulantes?! Só servimos para isso?!

Não deve ser fácil!

Antes de constatar outra vez que não deve ser fácil vi um grupo de velhinhos gargalhando em alto e bom som! Cheguei mais perto para escutar de rabo de orelha e pude ouvir o menorzinho deles, com boina, calça e camisa puídas e sandálias de couro, contando o golpe que um dia aplicou na esposa e na filha para fugir de casa e encontrar os amigos para o jogo de dominó. Ele contava "seu feito" e todos acompanhavam passo-a-passo, sem piscar, e logo após o suspense, depois do gran finale, os outros velhinhos da roda praticamente começaram a abraçá-lo dando os parabéns como se o moleque tivesse roubado um beijo da menina mais bonita da escola.

Não aguentei de curiosidade e perguntei a um deles quando a rodinha se desfez:

"Por que ele não podia sair de casa?"

"Tava com o açúcar alto no sangue", respondeu.

Não deve ser fácil!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O encontro com a arte

“Cada vez mais precisamos da arte” escutei de um Venezuelano, filho de militares, que sempre viveu no mundo dos negócios, e descobriu a arte depois de três décadas. “E a boa notícia é que hoje em dia temos os meios para que todos possam ser artistas” dizia ele.

Em sua conferência em Caracas sobre “O que é cinema?”, Giuseppe Ferrara, cineasta Italiano, afirmava:

“Uma câmara gravando o que passa na rua é cinema.”

E quando confrontado pelo público que dizia: “De ser assim, está decretada a decadência da arte. Uma criança escrevendo em um caderno não faz literatura!” respondia: “O valor artístico pode ser discutido, mas uma criança escrevendo o que for, é literatura!”

Chegamos a um momento na história em que o indivíduo mais do que nunca passa a ter liberdade e poder. Com exceção de alguns países que vivem sob a mão forte do controle à liberdade de expressão (vivo em um deles), hoje cada um de nós pode expressar-se livremente, artisticamente e ter o poder da informação. De maneira relativamente barata e fácil temos acesso a um universo, e mais do que isso, selecionamos aquilo que queremos receber.

A internet tem possibilitado esse movimento, e com ela a arte é cada vez mais universal, criando novas e alternativas vias aos grandes meios de comunicação, permitindo que cada um “dê seus pulos” de escritor nos Blogs, de fotógrago em sites como Flickr, de cineasta e até atores no Youtube e de músico no MySpace, para citar alguns exemplos...

Através dela dois grandes artistas cruzaram meu caminho, pelo simples acaso e pela facilidade de estarem a apenas alguns clicks de "distância": Omar Salomão e Francisco Blanco.

O primeiro conheci (se é que pode-se dizer assim?) quando comecei a ler seus poemas no blog O Bom Leão por indicação de uma amiga em comum, e me surpreendi em vê-lo descrito pelo jornalista Ricardo Noblat da seguinte maneira:

"Omar Salomão nasceu no dia 14 de janeiro de 1983. Publicou seu primeiro livro À Deriva em 2005 e fez parte da banda carioca VulgoQuinho e Os Cara. Poeta multimídia, está na antologia digital ENTER de Heloísa Buarque de Hollanda. Envolvido também com fotografia, Omar é um dos mais talentosos poetas da nova geração."

O segundo, cheguei até ele comentando em um churrasco em Caracas que queria fazer um curso de Fotografia e um rapaz que tinha acabado de conhecer me deu um telefone e um nome Francisco Blanco. No blog vi o grande artista que esse tal Francisco é, ganhador de concursos municipais e latino-americanos de fotografia. Francisco seguiu a carreira do pai de Publicitário, mas acabou enchendo o saco de “modelos boazudas” para vender cerveja e se rebelou como fotógrafo. Ao final do curso perguntei: "Qual foi essa grande frustração com o mundo da propaganda?"

"Vem desde pequeno quando fui ao estúdio de gravação com meu pai e vi um personagem infantil famoso tirando a cabeça de pelúcia!"

Que bom, Fran, devemos a ele o surgimento de um grande fotógrafo...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Tocar? E pode?!

Um dos meus blogs favoritos é o do Peter Bregman que escreve na Harvard Business Review. Bregman tem sido genial em falar sobre liderança do ponto de vista mais humano que há. Suas metáforas são sempre experiências como pai de duas pequenas meninas, traçando paralelos com o esporte ou com o dia-da-dia da vida comum. Escreve de uma maneira simples, objetiva e prazerosa de ler, fugindo sempre dos cases da Forbes 500, das listas de bullets ou números para passar sua mensagem, o que é raro hoje em dia no mundo dos negócios.

Estou aqui enchendo a bola do Bregman, pela primeira vez escrevo sobre ele, mas depois dessa introdução confesso, estou escrevendo para criticar seu último post! Caramba, nunca falei bem em tantas bolas dentro que ele deu, e na primeira fora, já vem a crítica?! Asi es...

Bregman no seu útlimo post fala sobre a importância do toque, do contato físico, para nós humanos. Fala do poder de comunicar, de transmitir confiança, apoio e de motivar as pessoas que tem um tapinha nas costas. Então me pergunto: será que alguém não sabia disso? Não entendo!

Conheço bastante a cultura americana, mas não estamos falando de uma técnica de motivação, algo que os gerentes devem usar, mas com cuidado, sem "pegar muito" porque se não o que poderia dizer o RH? (Cuidado para não gerar mais um dos milhões de casos de harassment!) Estamos falando de seres humanos, e da maneira que o tema é proposto é capaz das empresas começarem a preparar (se é que já não prepararam?) "Política de contato físico no ambiente laboral"... O RH fará o draft, que será discutido em duas reuniões do Comitê Executivo, e depois quando aprovada pelo CEO será colocada na Intranet para consulta de todos os colaboradores.


Como disse, entendo perfeitamente o que faz o autor abordar o contato físico dessa maneira, e por isso quem sabe o que escrevo não seja nem uma crítica mas talvez uma constatação, porém não deixo de me assombrar com a maneira desumana que hoje se faz negócios. E em questões de liderança existe uma linha tênue entre o que é técnica e o que é humano. Então, ao invés de sair pegando em todo mundo da sua equipe, que tal colocá-los como prioridade na sua agenda deixando aquela reunião com a agência de publicidade em segundo plano?! Usando uma frase que aprendi na London Business School: Leadership is about being more of yourself, more skilfully. Conhecer algumas técnicas é importante, mas o que você é não se ensina, e isso é o mais importante em liderar um grupo de seres humanos.

O bom, é que a ficha já caiu, e quem quiser sobreviver na seleção natural do mundo corporativo tem que entender essa mudança!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Fusca

Poucos anos atrás o Fusca virou moda, o bom e velho Volkswagen voltou às ruas desfilando todo o charme dos seus anos dourados. Fusquinhas nariz de bruxa dos anos 50, com motor 1.300 dos 60 e até os Fafá de Belém dos 70 trouxeram boas lembranças voltando restaurados para as garagens.

Além de resgatar o prazer de dirigir sem ABS, direção hidráulica e ABS, com o braço apoiado na janela, vento no rosto e folga no volante, o efeito mais bacana dessa saudade Fusqueira foi resgatar as memórias de todo mundo 30+. Frases como "Meu pai tinha um 66 cor de abóbora", "Foi o primeiro carro que dirigi" e "Quando éramos namorados, levava minha esposa todos os domingos ao cinema num 68 vermelho do meu tio" eram ouvidas na calçada ao lado de qualquer Fusca recauchutado em pleno desfile.

A mais engraçada, ouvi de um médico de Cuiabá, lembrando dos seus tempos de adolescente...

"Minha avó me emprestava o Fusquinha branco para eu dar umas voltas com os amigos. Numa dessas a turma se empolgou na cachaça, final de ano, Natal chegando e aquele clima de festa! Errei a mão na birita e voltando para casa, na Avenida principal, ficava o Presépio da Cidade. Não sei se dormi antes ou depois de não conseguir fazer a curva, mas entrei em cheio no Presépio. Tomei um susto danado acordando entre José, Maria e o Menino Jesus na manjedoura e só percebi que não tinha partido dessa para a melhor, chegando direto ao paraíso, quando vi um pessoal vindo ajudar. O Fusca, duro que nem pedra, saiu inteirinho da barbeiragem!"

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O que é, o que é? - Gonzaguinha





O Que É, O Que É?

Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...
Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...
E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!...
E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...
Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...
Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor...
Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

terça-feira, 6 de abril de 2010

O Andar do bêbado

Esse é o título de um livro do físico Leonard Mlodinow sobre o acaso e como ele afeta nossas vidas. A partir de modelos matemáticos o autor busca mostrar que em boa parte da nossa vida não somos nós que estamos no controle e sim o acaso.

Não li o livro, e talvez nem venha a ler, porque não consigo entender um de seus exercícios que mostra como é mais provável achar um Maserati atrás de uma entre três portas escolhendo uma e depois mudando a escolha, que simplesmente escolhendo uma, mas esse não é o caso, o caso é definitivamente o acaso!

Ouvi uma entrevista no rádio da escritora Isabel Allende e quando perguntada sobre a razão do seu sucesso ela respondia:

“He tenido mucha suerte!”

A repórter tentava mudar a resposta questionando sobre a importância de ter vivido em tantos países, de ter fugido do Chile em plena ditadura, de ser sobrinha de Salvador Allende e filha de diplomatas. E ela insistia:

“Suerte!”

O livro, Isabel Allende, a física, a psiquiatria... Existem vários caminhos para procurar entender que o acaso tem um papel muito importante em nossas trajetórias, e que muitas vezes pouco importa nossos planos, nossos esforços e realizações, à revelia de tudo isso, ele simplesmente acontece.

Apesar de nossas mentes não terem “saído de fábrica” com a função “aceitar o acaso”, temos que fazê-lo e Marcelo Dourado está aí para comprovar...

quarta-feira, 24 de março de 2010

10 passos para uma vida imbecil

Não agüento mais receitas de bolo, guias rápidos, manuais práticos, top 10s e outras baboseiras do gênero “não se dê ao trabalho de pensar, nós pensamos por você!”

Acabei de ler um texto que recebi da Harvard Business Review, de um Consultor que ajuda grandes executivos a melhorarem seus discursos, e o Mr. M resume um grande discurso em “Três passos para fazer do seu próximo discurso o melhor.” E eles eram:

1. Crie uma conexão com o público descendo do palco, coreografe com eles.

2. Escute as pessoas e o que elas tem a dizer.

3. Seja emocional: focalize nas emoções que está sentindo 3 minutos antes de entrar em cena.

Fala sério?! Para isso que vale um diploma de Harvard, meu amigo?!

Semana passada, em uma reunião com uma agência de publicidade especializada em páginas web, o responsável pela conta me dizia: “Temos que colocar um Top 10, o pessoal adora!”

Na livraria, na seção Mais Vendidos, só dá “1001 não sei o que”, “Manual prático sei lá das quantas”, “Guia rápido para um blábláblá eficaz”, “10 passos para mudar nhémnhémnhém”...

Não dá mais! Respeitem meu cérebro!

Sou um grande defensor da internet, mídias sociais, blogs, Blackberrys, IPODs e tudo mais (entrei até no Facebook ou O LIVRO DE CARAS como chamo) mas temos um problema para resolver: com tanta informação transbordando por todos os lados, a massa só quer o extrato da polpa do tomate, e assim o molho não fica tão gostoso!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Curso de Fotografía

Hace tres semanas en mi primera clase comentaba con Francisco - "El Maestro" - que mi objetivo no era aprender a usar una cámara, para eso existía el manual, yo quería seguir descubriendo algo del artista que quizás existe en mi?!?! Quería ver las cosas de otra manera, encontrar una foto en lo feo y lo bonito, quería ver lo que está a mi rededor, los detalles, lo que quizás pocos ven...

Fran de entrada me dijo: "Fotografía es pintar con luz, es contar una historia, tiene el poder de registrar una imagen, un momento único, el presente, que no volverá jamás."

Escuchando eso me sentí seguro que el curso valdría la pena, y que había tenido la suerte de encontrar a un artista y no a un Profesor de Fotografía.

Comparto con ustedes algunas fotos que muestran que la Fotografía es "pintar con luz"...

Nikon D90
F5.6
Vel 30"
ISO 200

Nikon D90
F 6.3
Vel 30"
ISO L1.0

quarta-feira, 17 de março de 2010

O ideal

Mortadela era seu apelido na Padaria do Seu Lima. Tinha 38 anos, mulato, com a cabeça raspada e olhos de quem dorme pouco ou quase nada. Saía de casa de madrugada, às 4, para chegar antes de abrir a padaria e organizar os frios. O Português não dava sopa com o horário. Sempre levava uma revista porque “nunca se sabe quando se conseguirá um lugar sentado na condução, mas na maioria das vezes ia mesmo ouvindo as notícias no radinho para diminuir o peso das duas horas de viagem em pé.

Depois de quase dez anos de trabalho, recebeu uma surpresa que fez seu coração parar  por alguns segundos, que pareceram horas... Ganhou, sozinho, a Mega-Sena acumulada.

Cara-a-cara com o bilhete premiado, não sabia o que fazer. Nem comemorou, nem berrou, nem saltou, nem dançou, nada disso, ficou sim com um medo danado! “Mas não é assim que se comemora nas popaganda!” pensou, mas o medo era mais forte.

Medo de tanta coisa... De perder o dinheiro, da inveja dos “parente”, da esposa virá grã-fina metida à besta, dos filhos virá “prayboy”! Medo de mudar, medo de outra vida, de tudo ser diferente.

Olhou para a senhora que sempre tomava o mesmo ônibus com ele e perguntou:

-A senhora já pensou no que fazê se ganhasse na Sena?
-Nunca pensei, porque não gosto de jogá, mas o ideal deve ser comprá uma casa e colocá o resto no banco.

Chegou na padaria e enquanto trocava de roupa perguntou ao chapeiro:

-Vanderlei, cê joga na Sena, meu?
-Opa!
-Já pensou no que fazê se um dia ganhá?
-Por que cê ganhô?
-Vixe, tá maluco, é só uma pergunta!
-Óia, se ganhasse o ideal era mudar pro Gringo porque aqui todo ganhadô ou é seqüestrado, assassinado ou os interesseiro transforma a vida dele num inferno!

Lá pelas 7, chegou o Dr. Soares, sempre gozador, de terno e gravata, para tomar a média e comer o sanduíche de mortadela Ceratti de todo dia.

-Mortadela, bom dia! O de sempre, e capricha no sanduba!
-Pode deixá, Dr. Soares.

Ao levar o sanduíche à mesa do ilustre senhor, perguntou:

-Dr. desculpe interrompê mas sei que o senhor é um empresário e queria perguntá uma coisa...
-Mortadela, nem vem com gozação porque não teve futebol ontem...
-É sério, Dr., tem um conhecido lá donde eu moro que ganhou na Sena e tá com um medo danado de fazê besteira. O que o Dr. acha que ele deve fazê?
-Mortadela, a poupança hoje é um bom investimento devido aos incentivos do Governo. A casa própria também está em um bom momento para a compra, com juros baixos e incentivos também. O carro então, nem se fala, por qualquer trezentos reais dá para comprar um carrinho parcelado com juro baixo. Agora, veja bem, fale para seu amigo que o maior risco nessas horas é perder a noção da realidade, ostentar, gastar sem controle e parcimônia. Ele deve aproveitar essa oportunidade única, e essa grande sorte, para dar um novo horizonte para sua família e a educação é a base de tudo, você sabe?! Se tem filhos é hora de investir no futuro deles... Esse é o ideal, Mortadela.

A cabeça não saía da enxurrada de dinheiro que receberia, no que poderia comprar, viajar, melhorar a vida da família... Até que a ponta do dedo ficou na máquina de fatiar! Sangue para todo lado, gritaria e correria para chegar no hospital logo e salvar o dedinho.

No hospital, com tudo resolvido e a ponta do dedo no lugar, esperava o chefe pagar a conta quando voltou a pensar na Mega-Sena. Olhou para o jovem rapaz do seu lado e puxou conversa como se fosse papo de elevador:

-Quase fico sem o dedo por causa da Mega-Sena.
-Foda né?!
-É. Já imaginou ganhar esse negócio?
-Não.
-Num joga?
-Só minha mãe.
-E o que ela diz que vai fazê se ganhá?
-Vai contratar um médico bom para mim.
-Ah... Sua mãe é bacana, o ideal é isso mesmo.