sábado, 14 de novembro de 2009

A boat in the harbor is safe, but that’s not what boats are built for. (Paulo Coelho via Twitter)

Desde que decidi embarcar nessa aventura Bolivariana, de morar e trabalhar em Caracas, virei “maluco”. Amigos, colegas de trabalho, família e até o porteiro do prédio que morava em São Paulo perguntam: “E de onde você tirou essa idéia?”, “Quando acaba esse martírio?”e ultimamente, “Você tá tomando banho em três minutos?”

Quando menino, além de super-herói queria ser piloto de avião, mas me disseram que com 7 graus de miopia seria meio difícil. Então passei a ser aquela criança com óculos fundo de garrafa que todo vôo queria conhecer a cabine, e tive até a sorte de encontrar um piloto bacana que me deixou ficar por lá e ver a aterrissagem em Manaus. Caramba, sempre que penso nisso me dá uma nostalgia porque depois do 11 de Setembro nenhuma outra criança vai viver essa experiência...

Me lembro também de uma das primeiras dinâmicas de grupo que participei, para uma vaga de estágio no Banco Real, na área de Contabilidade. Me descrevi como um Aventureiro, e a mocinha do RH que coordenava a dinâmica perguntou: “Ah, que legal, fale sobre uma das suas aventuras.” No melhor da minha enrolação contei das minhas férias frustradas em Campos do Jordão, quando um amigo do cursinho e eu, tentamos ficar por lá um mês sem gastar dinheiro trabalhando como garçom e barman. Não fui contratado, acho que eles queriam um “contador de números” e não de histórias.

Minhas férias no Rio de Janeiro sempre tem um momento especial, escutar as histórias do meu avô na sala da TV.  Horas sobre sua infância, sua carreira no Exército, a família mudando de cidade em cidade, e um Brasil que só conheço por livros de história.

É, acho que quando nascemos uns já vem com o chip aventureiro e outros não. Sem certo ou errado, melhor ou pior, uns viajam pelo prazer da jornada e outros para chegar ao seu destino. Eu vim com esse chip, curto cada etapa, e viajar é meu destino.

4 comentários:

  1. Oi Filhão! legal eta sua nova aventura ! Sua frase de abertura ä boat is safer is the harvor" me lembrou o velho Pessoa "Navegar é preciso... vicer não é preciso"...

    E pelas vias tortuosas e imprecisas da vida já compartilhamos tantas aventuras !

    Uma vez aprendi que esta é a diferença entre o veleiro e o lancheiro: o lancheiro quer cehgar ao destino e o veleiro quer aproveitar o vento e a viagem!

    Vá de bons ventos nestes seus voos e aventuras "solo" mas nunca se esqueça que voce tem e terá sempre um bom porto sempre a sua espera!


    Bons Ventos !

    Sergio Pai

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  2. Vale a pena ler e refletir:
    Sentar-se à janela do avião


    Alexandre Garcia .
    Era criança quando, pela primeira vez, entrei em um avião. A ansiedade de voar era enorme. Eu queria me sentar ao lado da janela de qualquer jeito, acompanhar o vôo desde o primeiro momento e sentir o avião correndo na pista, cada vez mais rápido até a decolagem.
    Ao olhar pela janela via, sem palavras, o avião rompendo as nuvens, chegando ao céu azul.. Tudo era novidade e fantasia..
    Cresci, me formei, e comecei a trabalhar. No meu trabalho, desde o início, voar era uma necessidade constante.
    As reuniões em outras cidades e a correria me obrigavam, às vezes, a estar em dois lugares num mesmo dia. No início pedia sempre poltronas ao lado da janela, e, ainda com olhos de menino, fitava as nuvens, curtia a viagem, e nem me incomodava de esperar um pouco mais para sair do avião, pegar a bagagem, coisa e tal.
    O tempo foi passando, a correria aumentando, e já não fazia questão de me sentar à janela, nem mesmo de ver as nuvens, o sol, as cidades abaixo, o mar ou qualquer paisagem que fosse.
    As poltronas do corredor agora eram exigência . Mais fáceis para sair
    > sem ter que esperar ninguém, sempre e sempre preocupado com a hora, com o compromisso, com tudo, menos com a viagem, com a paisagem, comigo mesmo.
    Perdi o encanto. Pensava somente em chegar e sair, me acomodar rápido e sair rápido.
    Por um desses maravilhosos 'acasos' do destino, estava eu louco para voltar de São Paulo numa tarde chuvosa, precisando chegar em Curitiba o mais rápido possível. O vôo estava lotado e o único lugar disponível era uma janela, na última poltrona. Sem pensar concordei de imediato, peguei meu bilhete e fui para o embarque.
    Embarquei no avião, me acomodei na poltrona indicada: a janela. Janela que há muito eu não via, ou melhor, pela qual já não me preocupava em olhar. E, num rompante, assim que o avião decolou, lembrei-me da primeira vez que voara. Senti novamente e estranhamente aquela ansiedade, aquele frio na barriga. Olhava o avião rompendo as nuvens escuras até que, tendo passado pela chuva, apareceu o céu.
    Era de um azul tão lindo como jamais tinha visto. E também o sol, que brilhava como se tivesse acabado de nascer.
    Naquele instante, em que voltei a ser criança, percebi que estava deixando de viver um pouco a cada viagem em que desprezava aquela vista.
    Pensei comigo mesmo: será que em relação às outras coisas da minha vida eu também não havia deixado de me sentar à janela, como, por exemplo, olhar pela janela das minhas amizades, do meu casamento, do meu trabalho e convívio pessoal?
    Creio que aos poucos, e mesmo sem perceber, deixamos de olhar pela janela da nossa vida.
    A vida também é uma viagem e se não nos sentarmos à janela, perdemos o que há de melhor: as paisagens, que são nossos amores, alegrias, os amigos , tristezas, enfim, tudo o que nos mantém vivos.
    Se viajarmos somente na poltrona do corredor, com pressa de chegar, sabe-se lá aonde, perderemos a oportunidade de apreciar as belezas que a viagem nos oferece.
    Se você também está num ritmo acelerado, pedindo sempre poltronas do corredor, para embarcar e desembarcar rápido e 'ganhar tempo', pare um pouco e reflita sobre aonde você quer chegar.
    A aeronave da nossa existência voa célere e a duração da viagem não é anunciada pelo comandante.
    Não sabemos quanto tempo ainda nos resta. Por essa razão, vale a pena sentar próximo da janela para não perder nenhum detalhe.
    Afinal, 'a vida, a felicidade e a paz são caminhos e não destinos'.


    ... em sua proxima viagem prefira sentar na janelinha !

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  3. Renato, adorei! Nós aqui do paralelo 34 vamos acompanhar de perto suas aventuras. Os posts do seu pai estao incríveis. Isso só confirma o que o meu pai sempre me falou:"filha, a fruta nunca cai longe do pé!" Parabéns pai e filho. Com carinho, Nono & Sérgio.

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  4. Carica, estamos juntos em mais essa empreitada!
    Só não vou me prolongar neste primeiro post porque já senti que a família está inspirada...
    Abraço!!!

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