quarta-feira, 25 de novembro de 2009

“O segredo do meu sucesso é o equilíbrio: metade das minhas músicas é esquenta-sovaco e metade mela-cueca”. Tim Maia

Talvez essa tenha sido a única vez na vida que Sebastião Rodrigues Maia falou em equilíbrio. Tim, como disse Nelson Motta, era MUITO em tudo: com comida, com mulher, com malandragem, com drogas, com música, com talento… Um furacão por onde passava, sem destino, tragando tudo que via pela frente e fazendo música de primeira qualidade!

A história de Tim é para quem tem estômago e gosta de montanha-russa, se essa não é a sua praia, aperte o cinto porque como dizia ele: “Quem não dança segura a criança!

Anos atrás li o livro Vale Tudo do Nelsinho, e é dessa divertida obra que conheço um pouco da história desse “figura”...

Vendo sua vida com olhos “politicamente corretos”, Sr. Maia foi um doidão-fracassado, péssimo marido, cidadão e pai de família. Um exemplo a não ser seguido, uma página da nossa cultura popular a ser esquecida, mas o bom é que as coisas não são assim tão preto-no-branco, e entre essas duas cores surgiu Tim Maia do Brasil em plena Tijuca na Zona Norte Carioca.

Foi adolescente para os Estados Unidos de onde saiu deportado por furtos e drogas, depois começou a vida artística em São Paulo e finalmente voltou ao Rio para ser um fenômeno de vendas de LPs e um dos artistas mais marcantes da MPB do século XX.

Com o sucesso nas mãos, uma voz possante e um swing malandro no sangue, foi da fortuna à miséria, colecionou amigos e inimigos, lotou tantos shows quanto os que não compareceu, criou sua gravadora porque já tinha rompido relações com todas, e entre tapas e beijos não teve uma vida a dois sossegada. E nunca, nunca, “o retorno” esteve do jeito que queria...

Falar de Tim, sem falar de muitas drogas, álcool, mulheres (mais profissionais que amadoras) e comida, é falar de um músico genial, mas não é falar do Tim Maia do Brasil.

O malucão levava “essa vida desregrada” até aos ambientes mais corporativos e formais. Terminada uma temporada em Londres, Maia voltou ao Rio com várias folhas de papel cheias de LSD e na sua primeira passagem pela gravadora Phillips, começou distribuindo a novidade pelo Depto. de Contabilidade e em seguida pelo Jurídico. Colocava um pedacinho na mão de cada um dizendo: “Isso aqui vai abrir sua mente, melhorar sua vida e fazer você mais feliz. Não tem contra-indicações, não provoca dependência nem queda de cabelo e só faz bem.” Em outra visita à Flips, chegava “na maior viagem” quando os Diretores recebiam a visita dos chefes Holandeses, então rapidamente trataram de sumir com o Tim. O problema foi que o esconderam na sala do ar-condicionado e em dez minutos todo o escritório estava submerso na fumaça e no cheiro do baseado que ele inocentemente tinha acendido.

 “O problema do gordo é que se ele beija, não penetra, e, quando penetra não beija.”

“Fiz uma dieta rigorosa, cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas perdi 14 dias.”

A única vez que Tim decidiu fazer exercício, mudou de idéia antes mesmo de sair de casa, e ficou ensaiando com a Vitória Régia vestido para a ginástica. Triathlon para ele era uma combinação de drogas, comida e álcool, e era parte da sua preparação para subir ao palco. Limites não existia no vocabulário do negão, para ele sempre vale-tudo!

Se acham que o Romário é um gênio não só dentro de campo, mas também com suas frases antológicas, Tim formaria uma perfeita dupla de ataque com o Baixinho. Abrindo o show no Instituto de Educação, famoso Colégio feminino na Tijuca, fez questão de homenagear as alunas: “Estou muito honrado de tocar para essas galinhas.” Quando dávamos nosso primeiro passo rumo à Democracia, soltou: “O Sarney nunca tomou trezentos LSDs nem comeu churrasquinho de gato com Ki-Suco como eu; não tem experiência para ser presidente, eu seria melhor que ele.” E em uma entrevista coletiva quando perguntado sobre planos para o próximo ano, respondeu: “Comprar uma bunda nova porque a minha já está rachada.”

Que as próximas gerações e o tempo permitam que “figuras” assim continuem colorindo a nossa história, sem elas seria tudo tão...

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