quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Do Beisbol ao American Football

O Superbowl, final do campeonato nacional de Futebol Americano, é o evento esportivo mais importante do ano nos EUA. Para assisti-lo o país pára, e recordes de consumo de junk food e TVs de 40” são quebrados. Além dos tão esperados comerciais, que custam alguns milhões de dólares o minuto, e do show do intervalo que sempre apresenta uma grande estrela do showbizz, este ano há algo mais em jogo...

Pela primeira vez na história a equipe de New Orleans, os Saints, chegam à final para enfrentar o favoritíssimo Indianápolis Colts, liderados pelo craque Peyton, primogênito do clã Manning.

Peyton, nasceu em New Orleans, e aprendeu a jogar futebol com o pai, um ex-jogador do Saints. Seu irmão Eli, é hoje o mais famoso jogador do NY Giants e Peyton o único jogador da NFL eleito quatro vezes o melhor da temporada. Chega ao Superbowl podendo levar o título pela segunda vez, depois de ter se sagrado campeão em 2006 contra o Chicago Bears.

O duelo pode ser comparado a uma final de Brasileiro entre o Corinthians de Ronaldo e o Avaí de Guga, mas o que traz mais emoção à essa partida é o que ela representa para a torcida do Saints e para a cidade de New Orleans.

Em 2005 o furacão Katrina quase varreu New Orleans do mapa. Quase duas mil pessoas perderam suas vidas e 80% da capital do Mardi Gras ficou debaixo das águas. O estádio dos Saints, Superdome, apesar de ter sido destelhado quase que por inteiro, passou a abrigar as vítimas do desastre. A violência tomou contas das ruas, principalmente com saques a supermercados pela população desabrigada e a cidade, abandonada por boa parte de sua população, caía de joelhos a espera de socorro.

Nesses últimos quatro anos New Orleans recebeu ajuda, além de vários outros países e ONGs, até de Cuba e da Venezuela, e é claro do próprio Governo Federal Americano. Este, tendo George Bush no comando, foi alvo das mais duras críticas. Bush e seu gabinete foram criticados pela falta de liderança e por terem respondido muito tarde ao desastre, preocupados se a responsabilidade era municipal, estadual ou federal. Sofreram também acusações de racismo e interesses puramente econômicos, quando a população menos afetada teria sido a branca e as primeiras casas reconstruídas, as mais valorizadas no mercado imobiliário.

Ao final de 2006 partes da cidade ainda não contavam com água potável , em 2007, segundo fontes oficiais, a cidade já teria recuperado 2/3 de sua população e no ano seguinte pôde sediar o Jogo das Estrelas da NBA. Atualmente a reconstrução ainda não terminou e a cidade ainda tem grandes desafios pela frente como amparar a grande população de sem-tetos - quatro vezes superior à média das cidades Americanas – e reconstruir os inúmeros edifícios e casas ainda devastados. Nesse contexto o esporte pode trazer à cidade algo que não tem preço e que ela ainda não conseguiu recuperar: seu orgulho.

Drew Brees e os Saints, estarão enfrentando o craque Peyton Manning e seus Colts, e se vitoriosos não só levantarão a taça do Superbowl mas devolverão à New Orleans o orgulho de capital do Jazz, do Mardi Gras, da comida Cajun e da cultura Afro-Americana, deixando para trás o estigma de ghost town.

“Oh, when the saints go marching in
Oh, when the saints go marching in
Lord, how I want to be in that number
When the saints go marching in “

2 comentários:

  1. É sempre bom contar uma história de vitória e superação!

    Enquanto isto ali pertinho no Haití....

    a história é outra !

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  2. muito bacana o blog. escrever, sempre. e bora que vamo.
    abs,
    luiz filipin

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