sábado, 5 de dezembro de 2009

Antes máquinas ameaçadoras, hoje micro computadores domésticos


"Ao contrário do que vaticinara Artur Clarke, o físico e escritor autor de "2001 - Uma Odisséia no Espaço" (levado ás telas por Stanley Kubrick em 1968), a recente evolução tecnológica se orientou para o espaço interior dos microcomputadores e dos chips de silício, antes de povoar os planetas e o espaço sideral com bases e naves terrestres. O ano 2001 saudou a informática e vestiu os indivíduos (os não-varridos pelo arrastão neoliberal, naturalmente) - no aconchego de seus gabinetes - com teclados, mouses e monitores integrados ao micro, em vez de lançá-los à odisséia errante nos arredores de Júpiter, encerrados em módulos metálicos silentes, em litígio com gigantescas e alucinadas máquinas computacionais. Comunicação via Internet em lugar do isolamento ano-luzente. O silício (re)solvendo o silêncio. 

" 2001 do silencio ao silício". Roland Azeredo Campos, Caderno Mais. Folha de S.Paulo, 25.03.01.


"Os recursos proporcionados pelos micros desenvolvidos a partir dos anos de 1980, desde os softwares voltados para as artes até as complexas simulações objetivando estudos científicos, agilizaram notavelmente a interdisciplinaridade e permitiram, das permutas entre os setores, a emergência de conexôes e parcerias imprevistas. Justifica-se assim a fusão vocabular expressa no título do presente livro. O subtitulo destaca os decursos desses estranhos veículos significantes arte-científicos que, movendo-se em sintonia nos tocam. E que, amalgamados, talvez se tornem proximamente um paradigma robusto. De foz em fora, entramos no século XXI. Sem a proliferação de naves e bases terrestes no sistema solar vaticinada pela ficção de quarenta ou cinquenta anos atrás. Sem o conflito com supercomputadores hostís, como o HAL de 2001 : Uma Odisséia no Espaço. Ao contrário : com micros amigáveis, que vestimos em viagens virtuais pelos túneis das telas de cristal líquido. A rigor, o périplo é dos signos, em trânsito pelas veias-teias de silício dos chips, e dos nossos neurônios, em vaivéns filiformes. Recebendo e rebatendo bits. Noves fora , Il primo bacio della´prile é nosso! 
Cumpre-se a profecia peirciana: o homem potencializa sua vocação sígnica. "

In: ARTECIENCIA
    Afluência de sígnos co-moventes.
Câmara Brasileira do Livro. São Paulo Brasil. 
Coleção Big-Bang, dirigida por GITA K. GUINSBURG.   

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