domingo, 20 de dezembro de 2009

Pêlos por que tê-los?!

Nós homens temos uma relação engraçada com os pêlos que aparecem pelo nosso corpo...

Primeiro, rezamos e torcemos para que cheguem e comemoramos a aparição de cada um deles, mesmo quando não passam de penugem. Contamos quantos temos com o maior orgulho, e quando ganham consistência, viram a primeira prova pública da nossa masculinidade. Quando jovens: “Pêlos, queremos desesperadamente tê-los!

Ironicamente, algumas décadas mais tarde, quando passam a crescer desproporcionalmente e resolvem ficar brancos, o efeito é contrário, incomodam. Os primeiros que crescem pelas orelhas e nariz não são celebrados, senão recebidos com xingamentos e rapidamente removidos. Há também quem acredite que quando arrancados se multiplicam e, por isso, adotam várias artimanhas para escondê-los. Mais tarde vem o grande dilema: pinto ou deixo branco? Cada um possui sua estratégia, mas em conclusão, quando mais velhos: “Pêlos, não queremos tê-los?!

Acabei de ler Into the wild de Jon Krakauer que deu origem ao filme Na Natureza Selvagem de 2007, e o livro fala sobre um jovem universitário que abandona tudo para viver uma vida errante em contato com a natureza pelo oeste Americano. Além de narrar toda essa dramática história verídica, que termina com a morte por inanição do jovem rapaz na tundra do Alaska, o autor discute o que estava por trás dessa aventura. Seria irresponsabilidade? Algum distúrbio psicológico? Problemas com os pais? Ou simplesmente a inexperiência e um forte desejo de auto-afirmação de um adolescente?

Se me perguntarem minha opinião, fico com as últimas duas.

Como sabemos, pelos estudos da psicologia e psiquiatria na adolescência, é parte da formação de um adulto a revolta, os questionamentos, a necessidade de ser diferente e independente dos pais nessa etapa. Em maior ou menor escala, todos os homens passam por esse processo, e ainda por cima temos um rival, um competidor, o outro macho, o pai!

Nessa fase as brigas são mais freqüentes, mais intensas e as afinidades parecem desaparecer. Não é fácil para nenhum lado, mas é esse o processo para a formação de um homem adulto. Além dos enfrentamentos, a combinação da necessidade de provação e afirmação com a uma grande quantidade de inexperiência e inocência, pode ser explosiva. E é esse o pano de fundo do livro, quando para ser diferente de seu pai e mostrar que não depende mais dele, Chris acaba se arriscando demais e paga por isso com a própria vida, em uma história muito triste.

Nesse contraste de força, coragem e hormônios versus sabedoria, paciência e experiência, a natureza não é onipotente a ponto de reunir tudo em um mesmo momento, e deve ter uma razão para isso que ainda desconheço, mas o conflito do velho e do novo é um tema que ocupa tantas famílias, principalmente nessa época do ano, com a chegada do Bom Velhinho.

É fundamental, como diziam minhas professoras de redação, uma conclusão a este texto, porém confesso que não tenho um ponto final para a questão. Com a chegada dos primeiros pêlos indesejados e a poucos dias de reencontrar meus pais, avós, primos, tios, amigos e sobrinhos, o único que consigo deixar escrito para concluir é:

Feliz Natal!

2 comentários:

  1. Carica, te desejarei um feliz natal pessoalmente no Giba, nesta quarta! Quanto ao filme citado, achei sensacional! E a trilha sonora do mesmo é fantástica! Abração!

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  2. Tenho que ver o filme depois de ler o livro!

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